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Brasil vence Uruguai nos pênaltis na semifinal da Copa América de 2004

Glenda Botelho Fonseca

Glenda Botelho Fonseca

Brasil vence Uruguai nos pênaltis na semifinal da Copa América de 2004

A Copa América de 2004 entrou para a história com um dos duelos mais emocionantes da era moderna do futebol sul-americano: Brasil x Uruguai, na semifinal, disputada em Lima, no Estádio Nacional do Peru, em 14 de julho de 2004. O jogo terminou 1 a 1 no tempo normal, e o Brasil se classificou para a final após vencer por 5 a 4 nos pênaltis — um dos momentos mais tensos da trajetória da seleção naquela edição. A vitória, apesar de suada, foi essencial para o oitavo título da competição, que viria a ser conquistado dois dias depois contra a Argentina. E não foi só o resultado que marcou: foi a forma, o clima, a pressão e a maneira como a mídia brasileira cobriu o jogo — com fragmentos de transmissão espalhados por diferentes canais, como se ninguém quisesse perder um segundo daquela noite.

Um jogo de nervos e erros memoráveis

O Uruguai abriu o placar aos 22 minutos do primeiro tempo, com Marcelo Sosa, que aproveitou um erro de marcação da defesa brasileira. O gol foi feito com um toque de calcanhar, quase de forma improvisada, e deixou o Estádio Nacional em polvorosa. Mas o Brasil respondeu com garra. Aos 45 minutos, Adriano, o artilheiro da competição, recebeu cruzamento de Edu, desviou com o peito e empatou. O gol foi celebrado como um soco no estômago da torcida uruguaia. O técnico Carlos Alberto Parreira, que havia levado o Brasil ao título em 2002, mantinha a calma no banco, mesmo quando o time parecia desequilibrado. "Parreira tem razão, são quatro escanteios em quatro minutos", comentou o narrador em vídeo arquivado no YouTube, referindo-se à pressão constante sobre a defesa uruguaia.

No segundo tempo, o jogo ficou mais aberto, mas sem muitas chances claras. O goleiro Júlio César, que na época ainda não era titular absoluto, cometeu uma falha no gol do Uruguai — algo que, anos depois, viraria um dos pontos de análise em documentários sobre a seleção. Mas foi justamente ele quem se redimiu nos pênaltis. A cobrança decisiva foi de Cléberson, que, com canhota firme, mandou a bola no canto superior. O goleiro uruguaio, Diego Barreto, adivinhou a direção, mas não chegou. A torcida brasileira, que já vivia o clima de um título inédito desde 1997, explodiu.

Transmissão fragmentada, memória unida

A cobertura da partida no Brasil foi um exemplo raro de colaboração entre emissoras. O Band transmitiu o pré-jogo com Luciano do Valle, que já era um nome consolidado no esporte nacional. A Rede Globo levou o jogo ao ar com sua equipe habitual — entre eles, o narrador João Paulo Mendes, cuja voz ainda ecoa nos arquivos de fãs. E o SporTV fechou a cobertura com o pós-jogo, incluindo entrevistas e análises detalhadas. Isso era incomum na época: geralmente, apenas uma emissora tinha os direitos. Mas a importância do confronto fez com que a mídia brasileira criasse um "pacote" de transmissão, quase como um evento nacional.

Curiosamente, muitas fontes online ainda confundem datas. O TV Globo Wiki menciona erroneamente a data de 10 de junho, quando a Copa América de 2004 ocorreu entre 6 e 27 de julho. Outros sites, como a ESPN Brasil, misturam informações de 2023 — citando o técnico Dorival Júnior, que só assumiu a seleção duas décadas depois. Essas falhas não são apenas erros técnicos: mostram como a memória digital pode se desfazer sem cuidado. O vídeo do canal Futebol Raiz, publicado em 2013, ainda é uma das fontes mais confiáveis — com áudio original, imagens em SD e até comentários sobre a falta de Delgado, que "a ponta dos dedos faz diferença".

Os personagens que fizeram a diferença

Os personagens que fizeram a diferença

Além de Adriano e Júlio César, outros nomes merecem destaque. Cléberson, que atuava como volante, foi um dos responsáveis por segurar o meio-campo e distribuir a bola com precisão. Edu, o meia que criou a chance para o gol de Adriano, foi um dos poucos que mantiveram a serenidade em momentos de caos. Já pelo Uruguai, Marcelo Sosa — que marcou o gol — e Diego Forlán, que não jogou por lesão, mas estava no banco, eram as principais ameaças. O técnico Jorge Fossati, que havia levado o Uruguai à final da Copa América de 1995, tentava recriar a glória da geração de 1990. Mas o Brasil, mais organizado e com mais profundidade, levou a melhor.

Da semifinal à conquista: o caminho até o título

A vitória sobre o Uruguai abriu as portas para a final contra a Argentina, em 27 de julho de 2004. O jogo foi épico: 2 a 2 no tempo normal, com gols de Adriano e Kléberson para o Brasil, e de Riquelme e Crespo para a Argentina. Nos pênaltis, o Brasil venceu por 4 a 2. Adriano foi o herói novamente — não só por marcar na final, mas por ser o artilheiro da competição com cinco gols. O técnico Parreira, que já havia conquistado o mundo em 2002, fechou sua trajetória na seleção com um título continental. O Brasil, que não vencia a Copa América desde 1997, voltava a ser referência.

Por que isso ainda importa?

Por que isso ainda importa?

Hoje, em plena era das redes sociais e das transmissões ao vivo em tempo real, é difícil imaginar uma cobertura tão fragmentada. Mas essa foi a realidade de 2004. E foi justamente essa dificuldade de acesso que tornou o jogo mais especial. As pessoas se reuniam em casa, em bares, em grupos de amigos — todos com os olhos fixos na tela. Não havia apps, nem redes de streaming. A emoção era coletiva. E quando Cléberson bateu o pênalti decisivo, o país inteiro respirou fundo. Aquele jogo não foi apenas uma semifinal: foi um marco de identidade. Um momento em que o Brasil, mesmo sem uma geração estrelada como a de 2002, provou que tinha alma, garra e coração.

Frequently Asked Questions

Quem marcou os gols na semifinal entre Brasil e Uruguai em 2004?

O Uruguai abriu o placar com Marcelo Sosa aos 22 minutos do primeiro tempo. O Brasil empatou com Adriano, aos 45 minutos do mesmo tempo. O placar final no tempo normal foi 1 a 1, e o Brasil venceu por 5 a 4 nos pênaltis, com cobranças decisivas de Cléberson e Dida, entre outros.

Como foi a transmissão da partida no Brasil?

A transmissão foi dividida entre três emissoras: o pré-jogo foi ao ar pela Band, com Luciano do Valle; a partida foi transmitida pela Rede Globo; e o pós-jogo, com entrevistas e análises, foi exibido pelo SporTV. Essa divisão foi rara e reflete a importância do confronto.

Por que há confusão sobre a data da partida em alguns sites?

Muitos sites, como o TV Globo Wiki, erraram a data, colocando 10 de junho em vez de 14 de julho. Isso ocorre porque há erros de digitação e reutilização de conteúdos antigos. A Copa América de 2004 aconteceu entre 6 e 27 de julho, e o confronto foi realmente em 14 de julho, conforme registros da CONMEBOL e vídeos oficiais arquivados.

Quem foi o técnico da Seleção Brasileira naquela semifinal?

O técnico era Carlos Alberto Parreira, que já havia conquistado o Mundial de 2002. Ele montou uma equipe equilibrada, com jogadores como Júlio César, Adriano, Cléberson e Edu. Sua experiência foi crucial para manter a calma nos pênaltis.

Qual foi o resultado da final da Copa América de 2004?

Na final, o Brasil enfrentou a Argentina em Lima e empatou em 2 a 2 no tempo normal. Nos pênaltis, venceu por 4 a 2, com gols de Adriano e Kléberson no tempo normal, e cobranças decisivas de Dida e Luisão. Foi o oitavo título da seleção na competição.

Por que o jogo entre Brasil e Uruguai em 2004 é lembrado com tanto carinho?

Porque foi um jogo de intensidade, emoção e história. Sem estrelas globais como Neymar ou Vinícius, o Brasil contou com jogadores que se uniram por propósito. O clima de rivalidade histórica, a transmissão fragmentada e o fato de ser o primeiro título continental em sete anos fizeram desse jogo um marco de identidade para uma geração que cresceu com o futebol como religião.

1 Comentários

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    Ezequias Teixeira

    novembro 16, 2025 AT 23:49

    Essa semifinal foi um dos jogos mais intensos que eu já vi. O Uruguai veio pra matar, mas o Brasil tinha aquela calma que só time de verdade tem. Adriano com aquele gol no final do primeiro tempo foi o tipo de coisa que te deixa sem falar por cinco minutos. E o Cléberson no pênalti? Ninguém segurou a respiração como eu naquela hora.

    Quem viveu isso sabe: não era só futebol, era memória coletiva.

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