PETER OUSPENSKY
Matemático e Filósofo do Século XX
I want particularly to impress on your minds that the most important ideas and principles of the system do not belong to me. This is chiefly what makes them valuable, because if they belonged to me they would be like all other theories invented by ordinary minds—they would give only a subjective view of things…
Apresentando Peter Ouspensky

Quando Ouspensky encontrou George Gurdjieff e foi introduzido ao Quarto Caminho, em 1915, ele percebeu que a maior barreira na obtenção de conhecimento estava dentro dele mesmo, e que, para encontrar a verdade ele teria que tornar-se a verdade. Conhecimento superior só poderia vir com preparação suficiente para receber o conhecimento superior. Ouspensky passou o resto de sua vida transformando conhecimento em sabedoria, trabalhando para tornar próprios os princípios do Quarto Caminho e compartilhá-los com pessoas afins. Ao fazer isso, ele se tornou um agente da verdade para a sua época, trazendo a sabedoria da era pré-Guerra Mundial para meados do século XX.
A busca de Ouspensky
“Eu fiquei insatisfeito com a ciência”, diz Ouspensky em nota autobiográfica. Embora sem direção, o jovem filósofo sentiu que havia mais na vida do que se pode ver e que ciência, filosofia, psicologia e religião estavam perdendo o foco. Ele estava pronto para buscar a verdade. Sua intuição sugeriu que as eras passadas possuiam conhecimento desta “verdade” que estava ausente na época presente. Ele, portanto, leu e viajou extensivamente em busca do milagroso:
Por vários anos eu me dedicava ao trabalho jornalístico; eu viajei – pela Rússia, pelo Oriente, pela Europa. Em 1905, durante os meses de greves e distúrbios que culminaram na insurreição armada em Moscou, escrevi um romance baseado na idéia da eterna recorrência.
Em 1907 eu encontrei literatura teosófica, que foi proibida na Rússia–Blavatsky, Olcott, Besant, Sinnett, etc. Ela produziu uma impressão muito forte em mim, embora eu eu tenha visto imediatamente o seu lado fraco. O lado fraco era que, da forma que estava, não tinha continuação. Mas ela abriu portas para mim em direção a um mundo novo e maior …
Ouspensky é notável por sua sinceridade e sua capacidade de evitar auto-engano. Ele não se deixa levar por nada menos do que a “verdade”, que ele esta procurando zelosamente, e embora outra literatura o inspirasse, ele, no entanto, via suas deficiências.
Também é digno de nota que a aclamação do público à sua novela e palestras não o satisfizeram. Nessas fases iniciais de sua vida, Ouspensky já poderia ter atraído sequidores e estabelecido um ensinamento, salvo que sua consciência o impedia de liderar outros ao longo de caminhos que ele próprio não estava certo.
Ouspensky sobre dimensões superiores
“Eu descobri a idéia de esoterismo, encontrei um ângulo possível para o estudo da religião e misticismo, e recebi um novo impulso para o estudo de “dimensões superiores”…”
A idéia de dimensões fascina Ouspensky, o que, aparentemente, é um entusiasmo que ele herdou de seu pai. Tempo e a quarta dimensão; que se o homem penetrasse uma dimensão mais elevada, ele poderia perceber seu tempo-corpo, testemunhar o seu passado, presente e futuro, e viver em conformidade com isso, parece para Ouspensky uma visão de valor inestimável que iria alterar todo o curso de uma vida.
Ouspensky também se aventura em estudos teóricos de dimensões maiores do que a quarta e, em particular, da eterna recorrência – uma dimensão onde a vida presente foi vivida anteriormente através de uma quantidade infinita de vezes. Estas são as bases de sua novela, “Estranha vida de Ivan Osokin”.
Estudei literatura oculta, fiz todos os tipos de experimentos psicológicos pelos métodos Yogi e mágicos; publiquei vários livros, ‘Tertium Organum’ entre eles, e ministrei palestras públicas sobre Tarot, Superhomem, Yogis, etc.
Ouspensky Insatisfeito
Apesar de suas aventuras intelectuais – e apesar de ‘Tertium Organum’ ter conseguido o status de best-seller – Ouspensky ainda se sente barrado da realidade das dimensões que ele tão fortemente suspeita. Embora um autor best-seller, ele, no entanto, continua insatisfeito com a aclamação e continua sua busca da verdade, que se tornaria a marca registrada de seus últimos anos.
Ouspensky viria a confessar mais tarde que o mais forte impulso para o auto-conhecimento e lembrança de si era a insatisfação com o nosso estado atual; que nada poderia conduzir mais para o avanço no caminho da evolução interior do que a repulsa pelo sono.
“A emoção predominante em mim era o medo – medo de me perder, medo de desaparecer em algo desconhecido … Lembro-me de uma frase em uma carta que escrevi na época: ‘Estou escrevendo esta carta para você, mas quem vai escrever a próxima carta, assinando-a com o meu nome, e o que ele vai dizer eu não sei.’ Este era o medo.”
Ouspensky continua sua busca por uma posição firme de sabedoria, expandindo sua pesquisa em outros ramos da literatura e outros paises exóticos. Ele formula a necessidade de instrução direta e procura se conectar com escolas de sabedoria, as quais, ele acredita, podem ainda existir na sua época, como a cauda de antigas tradições antigas agora perdidas.
Ouspensky encontra Gurdjieff
No início de 1900, Ouspensky se aventura para o Médio e Extremo Oriente em busca de vestígios de conhecimento perdido. Ele volta para a Rússia e dá palestras sobre sua busca pelo milagroso. Estas apresentações atraem um número significativo de pessoas que pensam como ele. Em uma delas, ele é abordado por dois participantes que recomendam que ele encontre um místico estrangeiro que está visitando a Rússia durante aquele tempo.
Em 1915, Ouspensky encontra George Gurdjieff e imediatamente reconhece que Gurdjieff possui o conhecimento que ele estava procurando no exterior. Ele torna-se aluno de Gurdjieff por dez anos, aprendendo com ele os princípios do Quarto Caminho. O ensino ocorre no pano de fundo da ordem social em declínio na Rússia e é de alguma forma complementado por ela. O “trabalho” como Gurdjieff o chama, só pode ocorrer sob pressão, quando nada pode ser dado como certo e os alunos são colocados sob os testes mais básicos de valorização do espiritual sobre o físico.
O desenrolar dos eventos força Gurdjieff e Ouspensky a se deslocarem. Enquanto isso, a apresentação de Gurdjieff também evolui e toma uma direção diferente, o que compele Ouspensky a deixá-lo e a continuar trabalhando sózinho. Ouspensky instala-se em Londres em 1930 e começa a ensinar o Quarto Caminho, bem como escrever literatura sobre o sistema que ele havia aprendido de Gurdjieff.
Ouspensky morre em Lyne Place, Inglaterra em 2 de outubro de 1947.
Ouspensky – Agente do Quarto Caminho
Ouspensky reconheceu que, ao encontrar o Quarto Caminho, ele estava encontrando algo grande. Ele sentiu que este método vinha de muito longe no tempo, talvez tão distante quanto a cultura primordial. Ele tratou o Quarto Caminho com respeito e de forma impessoal, como um sistema que não pertence ao homem – e este foi um dos seus principais pontos fortes.
Da mesma forma, Ouspensky estava hesitante em publicar suas obras e anexar o seu nome em algo muito maior do que ele. E, de fato, aqueles livros que apresentam a sua expressão do Quarto Caminho foram, na sua maioria, publicados postumamente. Além disso, na abertura do livro de Ouspensky O Quarto Caminho, ele reconhece que o sistema não pertence a ele.
O Legado de Ouspensky
Ouspensky esperava que, se ele pudesse causar “distúrbio” o suficiente – coletar um número suficiente de pessoas realmente sinceras e devidamente “preparadas” – ele poderia chamar a atenção de “alguém” que viria e daria ajuda. Ele não era claro sobre a natureza desta ajuda e, provavelmente, ele próprio não sabia o que isso podia significar.
No entanto, ele sentia uma imensa responsabilidade em seu papel, e o restante de sua vida foi total e completamente dedicado a cumprir essa responsabilidade.
Mas no final, em parte devido à Segunda Guerra Mundial, ele teve que admitir que todo o seu trabalho parecia ter falhado em dar os resultados que ele esperava. Gurdijeff, também, desmantelou seu Instituto, e os dois agentes do Quarto Caminho chegaram ao final de suas vidas sem atingir os objetivos externos que haviam tentado alcançar. Ouspensky assumiu a responsabilidade total pelos alunos. Ele os reuniu e disse-lhes que eles estavam completamente livres para realizar sua busca de qualquer forma e em qualquer direção que lhes parecesse melhor.
Exteriormente, esta foi, de certa forma, uma confissão de fracasso completo, mas, interiormente, no final, isto deu-lhe a vitória suprema. Embora ele tenha devolvido a liberdade a todos aqueles que o tinham seguido, ele nunca lhes tirou a esperança, mas indicou para aqueles que pudessem ter tido verdadeira fé nele, que esta restauração de liberdade era em si mesma a abertura de uma nova porta.
The predominant emotion in me was fear – fear to lose myself, fear to disappear in something unknown… I remember a phrase in a letter I wrote at that time: ‘I am writing this letter to you, but who will write the next letter, signing it with my name, and what he will say I do not know.’ This was the fear.
“But there were many other elements in it as well: the fear of taking a wrong way, the fear of making an irretrievable mistake, the fear of losing some possibilities. All this left me later on, when on the one had I began to gain confidence in myself and on the other to have practical faith in the system.”
Ouspensky meets Gurdjieff
In the early 1900′s, Ouspensky ventures to the Middle and Far East in search of traces of lost knowledge. He returns to Russia and gives lectures on his search for the miraculous. These presentations attract a significant following of like-minded people. In one of them, he is approached by two attendees and recommended to meet a foreign mystic who is visiting Russia during that time.
In 1915, Ouspensky meets George Gurdjieff and immediately recognizes that Gurdjieff possesses the knowledge he had been searching for abroad. He becomes Gurdjieff’s pupil for ten years, learning from him the principles of the Fourth Way. The teaching occurs on the backdrop of the declining social order in Russia and is somehow complemented by it. The ‘Work’ as Gurdjieff calls is, can only occur under pressure, when nothing can be taken for granted and students are put to the most basic tests of valuing the spiritual over the physical.
The current events force both Gurdjieff and Ouspensky to relocate. Meanwhile, Gurdjieff’s presentation also evolves and takes a different direction, which compels Ouspensky to leave him and continue working on his own. Ouspensky settles in London in 1930 and begins teaching the Fourth Way as well as writing literature about the system he had learned from Gurdjieff.
Ouspensky dies in Lyne Place, England on October 2, 1947.
O sistema está à espera de trabalhadores. Não há nenhuma declaração e nenhum pensamento nele que não exija e admita maior desenvolvimento e elaboração. Mas há grandes dificuldades no caminho para o treinamento de pessoas para este trabalho, uma vez que um estudo intelectual ordinário do sistema é totalmente insuficiente; e há muito poucas pessoas que concordam com outros métodos de estudo que são ao mesmo tempo capazes de trabalhar por estes métodos.

Uma comunidade mundial dedicada à lembrança de si e à auto-observação através da releitura de escolas tradicionais por meio de uma perspectiva do Quarto Caminho