Na manhã de 10 de outubro de 2025, às 12h (horário local), centenas de palestinos começaram a retornar às suas casas na Faixa de Gaza, marcando o primeiro movimento em massa após o cessar-fogo histórico entre Israel e o Hamas. A trégua, anunciada como permanente, encerra dois anos de conflito que custaram mais de 65 000 vidas, segundo a Rádio France Internationale (RFI). Autoridades de ambos os lados descrevem o acordo como um ponto de virada, mas ainda há dúvidas sobre sua durabilidade.
Contexto histórico e a origem da trégua
O confronto começou em , quando o Hamas lançou um ataque surpresa, desencadeando a resposta militar de Israel. Desde então, a região viu três interrupções formais nas hostilidades, mas nenhuma se sustentou. A decisão de 10 de outubro foi tomada após intensas negociações mediadas por Qatar, Egito e a ONU, e aprovada pelos altos comandos militares israelenses na mesma data.
O cessar-fogo em GazaFaixa de Gaza prevê o recuo de tropas israelenses de aproximadamente 53 % do território, incluindo áreas como Khan Younis e a Cidade de Gaza. A única exceção permanece Rafah, que continua sob controle militar israelense por ser a principal porta de entrada de ajuda humanitária.
O retorno dos deslocados: números e relatos humanos
Segundo Mahmoud Basal, porta‑voz da agência de ajuda ligada ao Hamas, "mais de 500 000 pessoas" já haviam chegado à Cidade de Gaza entre 10 e 11 de outubro. Entre os primeiros a chegar estavam Ali, que descreveu o momento como "o dia mais feliz da minha vida", e Mohammed, que admitiu que "não restou nada, mas vamos reconstruir".
Entretanto, o cenário que encontraram é de devastação quase total. Fidaa, moradora da mesma cidade, contou: "Estou andando na minha rua, mas está tudo tão destruído que não consigo achar a casa. O que vamos fazer da vida agora?". Fotografias da Associated Press mostram prédios desmoronados, ruas intransitáveis e infraestrutura básica inexistente.

Reações das partes envolvidas
O Exército israelense, ao liberar a informação, alertou que áreas ao norte ainda são "extremamente perigosas" para civis, pedindo cautela aos retornantes. Por outro lado, Khalil al‑Hayya, chefe exilado do Hamas na Faixa de Gaza, anunciou em vídeo ao CNN Brasil que a trégua "é permanente" e que "todos os reféns israelenses serão libertados".
Até , Israel liberou 1 968 prisioneiros palestinos, pouco depois da devolução dos reféns israelenses, conforme vídeo divulgado em plataformas digitais.
Impactos na infraestrutura e nos serviços essenciais
A retirada de forças deixou um vazio logístico. Enquanto Khan Younis e a Cidade de Gaza foram liberadas, a maioria das redes elétricas, de água e saneamento ainda está inoperante. A Organização das Nações Unidas estima que mais de 80 % das residências precisam de reparos estruturais antes de serem habitáveis novamente.
Além disso, a principal via que liga o sul ao norte – a Highway 1 – está congestionada com caminhões de ajuda e famílias carregando pertences. Especialistas de logística humanitária alertam que o gargalo pode atrasar a entrega de alimentos e materiais de construção nos próximos dias.

Próximos passos e desafios para a consolidação da paz
O principal desafio agora é transformar a trégua em um acordo de paz duradouro. Analistas políticos apontam que a presença israelense em Rafah continua como ponto de negociação crucial, já que a cidade é a porta de entrada de mais de 30 mil toneladas de ajuda humanitária por dia.
Enquanto isso, organizações internacionais como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha pressionam por um cessar-fogo monitorado por forças neutras, para garantir a segurança dos civis e a livre circulação de ajuda.
Se a trégua se mantiver, a região poderá iniciar um processo de reconstrução que, segundo o Banco Mundial, exigirá cerca de US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos. O financiamento ainda depende de acordos bilaterais e da disposição da comunidade internacional em destinar recursos.
Perguntas Frequentes
Quantas pessoas já retornaram à Faixa de Gaza desde o cessar-fogo?
De acordo com Mahmoud Basal, mais de 500 000 palestinos já se deslocaram de volta às áreas urbanas entre 10 e 11 de outubro de 2025.
Quais regiões permanecem sob controle israelense?
A principal exceção é Rafah, que ainda é mantida por forças israelenses, sendo a entrada estratégica para a ajuda humanitária.
Quantos prisioneiros palestinos foram liberados após o acordo?
Até , 1 968 prisioneiros palestinos foram soltos por Israel, como parte das medidas de confiança vinculadas ao cessar-fogo.
Qual é o estado atual da infraestrutura em Gaza?
A infraestrutura está amplamente destruída: mais de 80 % das casas precisam de reparos estruturais, e as redes de água, energia e saneamento ainda não foram restabelecidas.
O que a comunidade internacional está fazendo para apoiar a reconstrução?
Entidades como a Banco Mundial e a Cruz Vermelha estão mobilizando fundos e recursos logísticos, estimando a necessidade de cerca de US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos para a reconstrução completa.
elias mello
outubro 14, 2025 AT 01:03É de partir o coração ao ler essas histórias, né? 😢 A coragem de gente que volta pra casa em ruínas mostra o quanto a esperança ainda pulsa aqui. Cada tijolo que eles tentam levantar tem um pedacinho de vida que não pode ser apagado. 💪🌱